Fogo Purifica a Mente

19/09/2013
Publicado em Traduções
19/09/2013 Mosteiro Suddhāvari
Luang Pó Bén compara o processo de purificação mental com a purificação do ouro.
Luang Pó Bén é discípulo de Luang Pu Kongma e com a morte de Luang Pu Mahā Bua, pode-se dizer que é o mestre vivo mais respeitado e é tido como principal ponto de referência dentro da tradição da floresta tailandesa nos dias de hoje, tanto no que diz respeito à disciplina que exige dos discípulos como o nível de prática. Ele gosta de usar o símile da guerra quando fala sobre a prática do Dhamma e portando seus ensinamentos são repletos de termos como ‘lutar’, ‘destruir’, ‘vencer o inimigo’, etc. O ensinamento abaixo foi dado a monges e a julgar pelo conteúdo, provavelmente monges com um nível de prática já bastante avançado. Mesmo se não for muito útil como conselho prático para quem está começando, ainda assim serve como inspiração e como informação, para que possamos ver um exemplo de como pessoas diferentes se relacionam com a prática.
Notas:
  • ‘que esse corpo se dissolva em elemento ar’: esse é um estágio avançado da prática da contemplação do corpo. O praticante, munido de samādhi, traz à frente uma imagem de seu próprio corpo e faz com que ela se desfaça em elemento ar. É uma forma de destruir a ilusão de que esse corpo é ‘eu’ e vê-lo apenas como uma união dos quatro elementos.
  • Cinco ascetas: o grupo de ascetas que servia de atendentes ao bodhisatta durante o período em que se dedicou à pratica da mortificação (pesquise a biografia do Buddha aqui para maiores detalhes).
  • Mente livre: essa expressão é difícil de traduzir pois a palavra wáng (ว่าง) tem vários significados: vazio, livre, solto, entre outros, pode ser usada como adjetivo ou como verbo. A expressão também pode ser interpretada como ‘mente vazia’ ou ‘mente solta’, do verbo ‘soltar’.
  • ‘Onde quer que haja brilho, destrua bem ali’: esse é um aspecto muito avançado da prática. Pode se referir ao apego à mente em jhana ou ao fruto de anāgāmī. É dito que aqueles que alcançam o estágio de anāgāmī enfrentam um último inimigo antes de alcançarem a iluminação completa: apego pela aquela mente purificada. Quando a mente alcança esse estágio é extremamente brilhante, pura e pacífica e muitos praticantes se deslumbram com esse brilho e pureza da mente. É comum que as pessoas que chegam a esse estágio se enganem achando que esse já é o nível final de iluminação.
  • Vipensanā: é minha adaptação do trocadilho em entre vipassanā (วิปสสนา) e vipassanuk (วิปสสนึก). Vipassanuk por si já é um trocadilho: a palavra ‘nuk’ significa pensar, já vipassanā significa ver de verdade. Ou seja, ele está dizendo que a pessoa não consegue sequer adivinhar em seus pensamentos como é o verdadeiro Dhamma, muito menos ver com seus próprios olhos. Transferindo para o português, não consegue sequer praticar ‘vi-pensa-nā’, quanto menos ‘vipassanā’.
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